3 de outubro 1942



Em 3 de outubro 1942 a segunda guerra mundial estava em seu auge, mas algo diferente nesse dia aconteceu que iria mudar não só a percepção da guerra, mas uma quebra de paradigma. Hoje 74 anos após o ocorrido é que realmente se consegue perceber o quão importante esse dia se tornou, não pelas mazelas que ele causou, mas por seus avanços científico e tecnológico para a humanidade, me refiro ao lançamento bem sucedido do foguete Aggregat-4 (A4), mais conhecido como V-2 (Nome este dado pelo ministro da propaganda Nazista Joseph Goebbels que significa Vingança).
 
Aggregat 4 (V-2) rocket launch at Peenemünde, on the island of Usedom in the Baltic Sea. (Bundesarchiv)
 
Os motivos da criação do A-4 era claro, servir de arma pela Alemanha Nazistas para atingir alvos a longas distâncias, mas o objetivo aqui não é analisar a destruição causada por esta arma, e sim suas inovações tecnológicas que transcenderam gerações e que serviram como base para novas tecnologias que hoje são indispensáveis. O A-4 foi o primeiro míssil balístico a ser desenvolvido e não existia nada no mundo que se poderá comparar na época, ele representava o que era de mais avançado tanto em pesquisa quanto em tecnologia empregada, foi o projeto Alemão mais caro durante a guerra, custou pelo menos US $ 2 bilhões.

Após três protótipos falharem o V-1,V-2 e V-3, somente em seu quarto lançamento o V-4 em 3 de outubro é que se obteve sucesso, atingiu uma altitude de 85 a 90 quilômetros e percorreu aproximadamente 190 quilômetros de distância. Embora o V-2 não tenha atingido a linha de Kármán a 100 quilômetros, a altitude atualmente aceita na qual o espaço começa, este Aggregat-4 ainda é considerado o primeiro foguete a chegar ao espaço.

O Aggregat-4 possuía 14 metros de altura, 1,65 de diâmetro, poderia carregar até uma tonelada de explosivo e seu raio de ação de aproximadamente 300km alcançando velocidades superior a Mach 4 . Um dos grandes avanços foi o motor de propulsão líquida, seu propelente era uma mistura de 75% de álcool etílico com 25% de água e oxigênio líquido, foi o primeiro foguete a usar combustível líquido.

Outro grande avanço, talvez o mais importante e surpreendente foi o sistema de orientação automática, que operava independente dos controladores no solo, com o destino “programado” no computador analógico de dentro do foguete, uma vez que estivesse em voo, seus giroscópios poderiam rastrear continuamente a posição do foguete em três dimensões. Quaisquer desvios no curso, lemes instalados nas aletas lateral do foguete ajustariam automaticamente a trajetória para mantê-lo no alvo.

No final da guerra as tecnologias desenvolvidas no projeto do V-2 foram motivo de disputa entre as nações, tanto os EUA quanto a URRS queriam o A-4, por isso garantiram de pegar a maior parte de informações, engenheiros e cientistas alemães.

A primeira imagem da Terra do espaço foi feita por uma câmera acoplada a um V-2 lançado da base de White Sands no Novo México, Estados Unidos. Várias fotografias foram capturadas a cerca de 104 km. A câmera registrava uma foto a cada 1,5 segundo.

(White Sands Missile Range/Applied Physics Laboratory)

É inegável os avanços que o A-4 forneceu, com base em suas pesquisas que o homem pode colocar o primeiro satélite em órbita e dar início a corrida espacial e mais tarde enfim pisar na lua. É estranho pensar, hoje somos tão dependentes de satélites, seja para assistir TV, navegar na Internet ou até mesmo usar localização via GPS que não percebemos que essa tecnologia que nos proporcionou esses benefícios foi um dia usada na guerra para atender as ambições e delírios de um único homem.

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